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The Morning Show - é a vez de Jennifer Aniston brilhar

  • Foto do escritor: Raquel Pereira
    Raquel Pereira
  • 19 de mar. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 10 de abr. de 2020


A AppleTV+ entra na corrida do streaming com The Morning Show, uma série baseada no livro Top of the Morning: Inside the Cutthroat World of Morning TV do jornalista Brian Stelter e com um elenco de luxo que inclui Jennifer Aniston, Resse Witherspoon (também produtoras executivas) e Steve Carell.

A série foca-se nos bastidores do programa líder de audiências da manhã “The Morning Show” do canal ficcional UBA, apresentado há 15 anos pela dupla Alex Levy (Jennifer Aniston) e Mitch Kessler (Steve Carell). E está lá tudo o que se pode esperar do fabuloso mundo da televisão, com um argumento recheado de pequenas guerras internas, lutas de egos e disputas pela liderança, aos quais se somam aos dramas de qualquer canal televisivo em constante batalha por audiências e conteúdos. Mas o ponto de partida da série e o tema fulcral que vai movimentar o enredo são as notícias de má conduta sexual de Kessler, adorado pela América e com uma equipa a seus pés, mas acusado de se ter envolvido com várias colegas de trabalho e apanhado no turbilhão de escândalos do movimento Me Too.

As denúncias internas atiram Mitch para o despedimento e deixam vago o seu lugar de apresentador, o que irá pôr à prova a equipa do programa, agora eles próprios notícia pelas piores razões, obrigados a lidar rapidamente com a queda da sua estrela e com as incertezas e as desconfianças de uma equipa destroçada a procurar um novo lugar e nova imagem, sem perder as audiências e a eficácia televisiva.

Bradley Jackson (Reese Witherspoon), é uma repórter num canal de TV conservador, que protagoniza um vídeo viral quando se envolve numa acesa discussão durante uma reportagem de trabalho numa mina. Este episódio leva-a a ser convidada para ser entrevistada no The Morning Show e, sem se aperceber, acaba arrastada para o meio de um jogo interno de luta pelo poder que a leva a sentar-se na cadeira de apresentadora ao lado de Alex Levy.

A este trio junta-se a equipa que trabalha nos bastidores do programa, liderados por Chip Black (Mark Duplass) como produtor executivo, Cory Ellison (Billy Crudup) chefe da divisão de notícias da UBA ou ainda Fred (Tom Irwin) um dos executivos do canal.

A série era uma das mais antecipadas do ano, e eu, fã confessa do Steve Carell, fiquei a bater palminhas quando vi o elenco. Apesar de se ter revelado diferente do que estava inicialmente à espera, acabei presa ao ecrã à conta de um argumento cheio de surpresas e reviravoltas, com os dramas pessoais a invadirem uns bastidores não menos intensos, pautados por conflitos onde os peões vão trocando facilmente de lado, com traições e as alianças inesperadas a acontecer a cada episódio, quando tudo parece estar em jogo para todos.

A tensão é palpável no primeiro episódio, à medida que vamos encontrando as personagens a serem confrontadas com as notícias sobre Mitch, vivemos as suas reacções e vemos como se tentam manter funcionais enquanto o seu aparente mundo perfeito vai desabando. O crescendo de intensidade da história vai expondo fragilidades, fraquezas e tensões, que têm na relação Alex-Bradley um dos pontos fortes, com um equilibrismo difícil na constante tentativa de não explosão. O último episódio desta primeira temporada é o culminar da intensidade que vai sendo criada episódio a episódio, conseguindo deixar-nos agarrados do primeiro ao último minuto, com reviravoltas constantes que nos põem a gritar com a televisão. Se ao início parecem debater-se apenas pelo emprego, dinheiro e acima de tudo, poder, acabam a debater-se pela virtude, pela verdade e pela honestidade, e a levantar a voz numa espécie de tentativa de absolvição pelas suas falhas.

O Steve Carell faz o seu papel na perfeição, apesar da personagem não ter tanto destaque quando ao início poderia pensar. Mas penso que o grande aplauso vai sem dúvida para Jennifer Aniston, que interpreta a workaholic, calculista, zangada, mimada e solitária Levy à beira de um ataque de nervos. Jennifer dá o litro nesta série e faz um trabalho incrível numa personagem em tensão constante, dividida entre dilemas, e com a vida pessoal e profissional a desabar.


Reese Witherspoon sabe fazer sempre bem. Mas na verdade, confesso que a personagem de Bradley Jackson e a sua história não me convence. Irrito-me um pouco com a mulher desbocada, que se sente dona da razão e da sabedoria, a querer mudar o mundo, e que através de três ou quatro atitudes deixa todos apaixonados por ela. Sinto o peso do cliché e não fiquei particularmente impressionada.

A série não foge ao movimento Me Too e às fragilidades que este veio expor. Para além da desconfiança e da procura por respostas, começam-se a querer apontar dedos que permitam compreender quem sabia e quem encobriu durante anos o comportamento da estrela do canal, priorizando audiências e dinheiro e ignorando os avanços sexuais de Mitch sobre as colegas de trabalho. Kessler tenta-se defender das acusações e recusa-se a aceitar que a sua vida bem-sucedida e de sucesso lhe seja retirada desta forma, caindo como um predador sexual. Num dos monólogos do personagem, logo no primeiro episódio, este argumenta justificando-se com o facto de não ter violado ninguém e de todos os seus encontros extra-conjugais terem sido sempre consensuais, numa reflexão sobre o cerne do movimento, sobre as questões do certo e errado e os limites das condutas masculinas, a quem durante anos foi permitido agir sem supervisão nem controlo.

Mas neste luxuoso mundo dos poderosos e ricos da televisão, os olhos não foram esquecidos e são constantemente alimentados por mansões deslumbrantes, apartamentos ostensivos com vistas de cortar a respiração sobre Nova Iorque, carros topo de gama e motoristas privados, suites de hotéis de 5 estrelas complementados com as festas restritas de angariação de fundos (what else!) onde cantam ao piano.

A crítica tem-se dividido relativamente a The Morning Show mas acho que a frase que Willa Paskin da Slate escreveu resume a atractividade da série It’s not great, but oh, God, is it interesting. It’s not perfect, but oh, Lord, is it watchable. It’s not very good, but hurry up, sit by me, it’s starting.”


A segunda temporada da série já foi confirmada mas enquanto não chega vejam o trailer da primeira.


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