LOVE - Uma série que foi directa ao coração
- Raquel Pereira
- 26 de mar. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de abr. de 2020

A história da Mickey e do Gus foi uma das minhas obsessões dos últimos anos e entrou para o top das minhas séries preferidas de sempre.
A premissa é bastante simples: amor e relações no século XXI, com o pouco de simples que, na realidade, isso tem. Se em tempo algum o amor, a sua definição e vivência foi fácil, numa era de facilitismo e descartabilidade onde as redes sociais e as tecnologias imperam, como é encontrar alguém e começar uma nova relação?
Com Los Angeles como cenário, Love acompanha a história de Mickey Dobbs (Gillian Jacobs), assistente de produção numa rádio por satélite, viciada em álcool, drogas e relações / sexo, com tendência para o conflito e alguma desonestidade, e Gus Cruikshank (Paul Rust), tutor de crianças-actores numa série de TV de categoria duvidosa “Wichita”, mas que sonha ser argumentista de thrillers eróticos. Gus é o aparente bom rapaz, acusado pela ex-namorada de ser "too nice", nerd, pouco atraente, desajeitado e carente mas propenso a pequenas explosões quando as coisas não correm como quer.
Numa manhã de ressaca, os dois encontram-se numa bomba de gasolina e é Gus quem empresta dinheiro a Mickey para comprar um café e um maço de tabaco. A partir daqui vamos acompanhando a sua pequena história enquanto se conhecem e se vão descobrindo, com tudo aquilo que de bom e de mau vivemos no começo de uma qualquer relação: as primeiras mensagens e a ansiedade da resposta que nos deixa colados ao telemóvel o dia inteiro, o primeiro encontro, a primeira noite juntos, a primeira discussão ou até aquele stalking tãoooo inocente nas redes sociais do outro que nos deixa à beira de um ataque de nervos.

O facto de ser uma série permite a Love acompanhar com algum detalhe e em tempo real o que é a construção de uma relação amorosa, criando um retrato do romance moderno e do que somos nós, no nosso dia a dia, a tentar que resulte, a falhar e a tentar novamente. Não tem efeitos especiais, nem artifícios, é a sua simplicidade e autenticidade que cativa, quando encontramos estas duas personagens completamente disfuncionais, longe de serem aparentemente compatíveis e feitas uma para a outra (muito longe das ideias romantizadas de almas gémeas e do amor dos contos de fada), mas que se encontram e, contra todas as adversidades e diferenças, à sua maneira, vão trabalhando para fazer a relação funcionar.
Mas a Mickey e a Gus juntam-se personagens peculiares como Bertie Bauer (Claudia O’Doherty), a fofinha colega de casa australiana de Mickey; Dr. Greg Colter (Brett Gelman) um conselheiro sentimental narcisista com um programa na rádio onde Mickey trabalha; Arya Hopkins (Iris Apatow) uma estrela de televisão adolescente, melodramática e teatral, a viver os dramas típicos da idade isolada num estúdio de gravações.
E depois há ainda todos os pormenores que são, no fundo, o que nos prende ao ecrã e nos fazem adorar uma série: a Mickey e o Gus, ressacados e ligeiramente drogados, a atirar DVDs pela janela do carro e a dizer mal dos filmes; a Mickey e a melhor amiga a arranjar as unhas e a obcecar sobre o encontro da noite anterior; as sessões de música em casa de Gus, onde conjuntamente com os amigos, cria músicas para a banda sonora de filmes que não têm banda sonora; os cenários, com a produção a ter optado por escolher localizações reais de Los Angeles (fez-me muito querer lá ir); a banda sonora ou o guarda-roupa de Mickey que a mim me fez babar (tão simples mas tão a cara da personagem).

A série foi criada por Judd Apatow (Freeks and Geeks, Virgem aos 40, Girls), Paul Rust e a sua mulher, a guionista Lesley Arfin (também ela de Girls) e consta que a Netflix comprou logo uma segunda temporada após ler o episódio piloto. Os primeiros 10 episódios ficaram disponíveis no dia 19 de Fevereiro de 2016 e a segunda temporada estreou a 10 de Março de 2017. A série foi renovada para uma terceira temporada um mês antes da estreia da segunda, e a 15 de Dezembro de 2017 foi anunciado que a terceira seria também a última. A terceira temporada estreou a 3 de Março de 2018.
Podem ver aqui o trailer da primeira temporada.
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