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Os Melhores Álbuns de 2019

  • Foto do escritor: Patricia Reis
    Patricia Reis
  • 29 de jan. de 2020
  • 7 min de leitura

Atualizado: 6 de abr. de 2020

Sendo Janeiro o mês das análises e reflexões, porque não começar por fazer um resumo sobre os melhores álbuns lançados em 2019? Aproveito e lanço, assim, as primeiras achas para a fogueira sobre conteúdos que podem vir a ser abordados em publicações futuras onde merecem ter mais espaço para serem analisados individualmente. Veremos.


Vamos, então, ao que interessa; eis o meu Top 10 dos melhores álbuns de 2019:


1 - Nick Cave & The Bad Seeds - Ghosteen





Não sei quanto do meu tempo dediquei ao Nick em 2019. Sei que foi muito, e foi das melhores redescobertas dos últimos tempos. Redescoberta porque já seguia o seu trabalho, claro, mas este ano descobri um outro Nick, que me fez analisar o seu trabalho de uma outra perspectiva e, muito provavelmente, vai merecer uma publicação mais extensa onde explico isto mesmo. Para já, importa referir que, sendo este o primeiro álbum completo produzido após a morte do seu filho Arthur, é sem dúvida, um dos trabalhos mais interessantes da banda, a meu ver. Todo este processo de luto transposto para o álbum, e de forma tão eloquente... Como é que se transforma algo tão denso e pesado numa sonoridade tão éterea e límpida? É um álbum para ouvir e ouvir, vezes sem conta, à procura de novos detalhes e deixarmo-nos embrenhar por tudo aquilo que o Nick nos quer contar. É denso, é genuíno e sincero. Vem de cá de dentro.


À falta de melhores palavras, é ler a crítica do Miguel Cadete na Edição Especial: 2019 em revista, da Blitz - é um dos melhores textos que li sobre Ghosteen e sobre o Nick. Está lá tudo.



2 - James Blake - Assume Form





Este álbum foi amor à primeira vista, e logo em Janeiro (do ano passado). Dizia eu: "isto vai ser álbum do ano, meus amigos". Não sei se por teimosia se, realmente, por mérito, mas cá está ele no meu Top 10. O James costuma arriscar e gosta de experimentar novas sonoridades. Um pouco introvertido, pode não ser fácil ouvi-lo, mas acho que ele é um exemplo perfeito de "primeiro estranha-se e depois entranha-se", onde nos rendemos à sua qualidade enquanto artista. É disso que gosto nele, sei que a cada música que ele lança, há um caminho novo por descobrir, sem medos. E este álbum é mais uma prova disso e conta com tão boas colaborações como Andre 3000 (saudades!), Rosalía ou Travis Scott. De sublinhar que o piano é o meu instrumento musical favorito. Coincidência que os dois primeiros álbuns que escolhi têm o piano como um dos actores principais? Acho que não. 



3 - Tool - Fear Inoculum





Treze anos à espera disto. Disto e de vê-los ao vivo - 2019 foi o ano. Não acho que seja o melhor álbum de Tool, mas provavelmente foi o melhor concerto a que assisti o ano passado. Também é provável que me esteja a deixar influenciar por eles serem uma das minhas bandas de adolescência e, claro, por me terem deixado à espera tanto tempo - factor ansiedade a jogar forte aqui. O álbum soa a um trabalho feito por gente madura, tecnicamente impecável - as per usual - e de boas composições, mas sem um grande rasgo de criatividade ou emoção. Mas, hey, que saudades já tinha de ouvir umas composições longas cheias de textura e flutuações - com altos e baixos - de fechar os olhos e fazer uns headbangers. Não é preciso ser-se um metaleiro para gostar de Tool, basta saber apreciar quatro senhores que tocam e compõem impecavelmente. Por isso mesmo, e por ser cada vez mais difícil encontrar bandas assim, este trabalho fez-me revisitar toda a discografia deles e sublinhou porque é que eles continuam a ser uma das minhas bandas favoritas. 



4 - FKA Twigs - Magdalene





FKA Twigs ou melhor dizendo Tahliah Debrett Barnett. Primeira vez que procuro e escrevo o nome desta artista. Apesar de conhecer algum do seu trabalho, nunca a segui de perto. Confesso que até aqui não simpatizava com o trabalho dela, apesar de lhe reconhecer mérito artístico, não era o meu tipo de praia. Mas eis que é anunciado Magdalene - já agora o nome vem exactamente de Maria Madalena, figura bíblica e feminina que serviu de inspiração a  Tahliah - e a colaboração de Nicolas Jaar como produtor. Alto! Agora sim, captaram a minha atenção - se há pessoa que venero e considero andar na linha da frente em termos musicais, é este rapaz - e sim, Magdalene transpira a Nicolas Jaar por todo o lado. Não querendo diminuir a importância da Miss Twigs quero, antes, enaltecer que a parceria não podia ter sido melhor e, ainda bem que estas duas criaturas se juntaram. Obrigada Nico por me mostrares uma nova faceta da FKA Twigs.  Impecável.



5 - Thom Yorke - Anima





Primeiro álbum assumidamente de electrónica no top. A electrónica acompanha-me mais a sério desde 2012, exactamente por culpa de Nicolas Jaar. No fundo, e se pensar bem, o bichinho está cá desde que ouvi pela primeira vez, com pouco mais de 10 anos, Mezzanine dos Massive Attack. As Spice Girls e os Backstreet Boys ficaram para trás, há um antes e um depois de Mezzanine. Com a descoberta deste álbum passou a haver espaço para música ambiente, industrial e densa que nos transporta para outros lugares mais pesados, porém, dançáveis. Este álbum do Thom fez-me viajar várias vezes, com toda a melancolia e minimalismo que só ele consegue impôr. Viagens melancólicas são as minhas preferidas, e este álbum vai para os meus preferidos dele e do ano. Só tenho pena de não ter visto na íntegra o concerto que deu no Alive '19, com os efeitos visuais do Tarik Barri. Viagem-visual-sonoro-melancólica. Hun? Do melhor. Quem mandou colocá-los ao mesmo tempo que Smashing Pumpkins?! Obrigada NOS Alive.



6 - Stereossauro - Bairro da Ponte





Sim! Um álbum português e daqueles bem nacional. Fado e hip hop podiam não casar, mas casam. No meio de samples e beats, arranjos e combinações improváveis e com convidados de luxo, Stereossauro conseguiu fazê-lo. Entendo o álbum como uma homenagem ao fado, um piscar de olhos ao passado, mas com um pensamento no futuro. Dois mundos, aparentemente, tão díspares conseguem ter pontos em comum - o hip hop tuga e o fado. Por um lado, e abstraindo-me um pouco, até é bastante evidente porque é que estes dois estilos se cruzam. Ambos têm no domínio da língua portuguesa, e no expressar de algo profundo e íntimo, a base da sua essência artística. No fundo, em ambos, sentimos a língua portuguesa a ter orgulho dela própria - coisa rara. Tenho a certeza que, Bairro da Ponte, vai ser um daqueles álbuns que ficam para a história e é, sem dúvida, do melhor que se tem feito em Portugal nos últimos anos.



7 - Lana Del Rey - Norma Fucking Rockwell!





Melhor álbum desta menina? Parece-me que sim. Restam-me poucas dúvidas à medida que vou aumentando o número de vezes que oiço NFR!. A Lana tem um dos timbres de voz mais doces e bonitos de se ouvir. A melancolia e, de certo modo, a vulnerabilidade que ela demonstra podia ser um ponto fraco ou algo mais negativo na sua música mas, antes pelo contrário, tornam-a ainda mais encantadora. Se a isto tudo adicionarmos a co-produção de Jack Antonoff neste álbum (produtor e co-escritor de Melodrama de Lorde e de Masseducation de St Vincent, entre outros), temos fórmula vencedora. Mais um álbum no bolso e muito bem conseguido. 



8 - The Black Keys - Let's Rock





Let's Rock não fica para a história como um dos melhores álbuns dos The Black Keys. Diz a crítica que este álbum "não aquece nem arrefece". Até posso concordar em certo ponto, mas sejamos sinceros, eles fazem aquilo a que se propõem: Let's Rock! São músicas simples, curtas e com o travo blues/rock que lhes é característico. Fizeram-me dançar e trautear umas quantas faixas em modo repeat pelas sonolentas manhãs de 2019. E eu dou muito valor a isso já que, por mim, o dia só começava às 10h. São composições geniais? Não. Mas tem músicas, ainda assim, muito boas, catchy, e como apreciadora de rock e blues que sou, cá estão eles.



9 - Helado Negro - This Is How You Smile





Filho de emigrantes equatorianos, Roberto Carlos Lange nasceu nos anos 80 na Florida, EUA. Já anda activamente no mundo da música há alguns anos, e This is How You Smile é o sexto álbum do artista mas, confesso, nunca tinha ouvido falar. E que boa surpresa esta! Foi a banda sonora do meu Verão. Guitarra acústica, sintetizadores, boa sonoridade e ambiente relaxado...Et voilà! Ouve-se tão bem...E confere Roberto, this is how you smile - agora percebo que o objectivo dele, por ventura, seria deixar-nos felizes. Missão cumprida. Há muito tempo que não ficava viciada num compositor de língua espanhola (desculpa Rosalía). P.S.: Jardel (jogador brasileiro), és tu na capa?! 



10 - Bruce Springsteen - Western Stars





Setenta anos de vida e dezanove álbuns não é para todos. Li algures que este Western Stars era um dos melhores trabalhos do Boss dos últimos anos e que era um convite a viajar - já disse que gosto de viajar, não já? - pelo interior dos EUA. Não sei se é por vir do Alentejo, mas há algo de encantador e apaziguador em viagens (de carro) pelas estradas do interior, de preferência com planícies a perder de vista. Aceitei a boleia; entrei na pick up, sentei-me à pendura, e ouvi as histórias do Tio Bruce - vidros para baixo, wayfarers na cara, cabelos ao vento e braço de fora a tentar fintar o ar - tudo certo. A voz continua igual, senão melhor, e a viagem, essa, é muito bonita...  



Menções Honrosas: Brittany Howard - Jaime; Nils Frahm - All Encores; Slow J - You Are Forgiven; Tinariwen - Amadjar; Moodymann - Sinner; Mark Lanegan - Somebody's Knocking



Nota: Há duas playlists no nosso Spotify para ouvir na íntegra os álbuns do meu Top10 e as Menções Honrosas. User: wtf_oblog


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