Ararate - A Arménia em Lisboa
- Patricia Reis
- 20 de abr. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 18 de mai. de 2020
Bem, dadas as circunstâncias, obviamente que este não é um artigo recente. A visita ao Ararate aconteceu em Janeiro, mas uma vez que as saudades de poder ir jantar fora aos meus sítios preferidos já são muitas, achei que vinha em boa hora publicá-lo agora. Aviso já que rever as fotos que tirámos (eu e a Raquel) me deixaram cheia de água na boca e muito pensativa sobre quando poderemos voltar a fazer uma refeição relaxada como esta. Espero que seja muito em breve, porque sinceramente as saudades já são muitas (e a fome também).
Um amigo meu já me tinha falado maravilhas sobre este restaurante de comida tradicional arménia. Já estava na minha lista há algum tempo e em Janeiro a tão esperada visita aconteceu. O Ararate fica nas Avenidas Novas, mais concretamente na Avenida Conde Valbom, e confesso que já tinha passado muitas vezes por ele, não só porque moro neste bairro mas porque também vou muitas vezes ao Marrakesh que fica exactamente em frente, no lado oposto da avenida. A entrada também está muito bem sinalizada com uns motivos decorativos em madeira e uma iluminação aconchegante em tons de amarelo alaranjado, portanto é difícil não dar com ele. A localização não podia ser melhor, não estivesse este restaurante perto da Fundação Calouste Gulbenkian - Calouste que foi um ilustre arménio com ligações muito fortes a Portugal.
Chegámos bastante cedo e se não fomos as primeiras clientes da noite, fomos seguramente das primeiras. O restaurante tem um ambiente tranquilo e bastante acolhedor, com decoração característica do país sobretudo em tons quentes e boa iluminação. Sentámo-nos na primeira sala junto à entrada e somos logo bem recebidas - aliás todo o staff foi sempre muito simpático e atencioso, tendo, inclusivamente, muita paciência para nos explicar e aconselhar alguns pratos. À medida que o tempo vai passando, vão chegando cada vez mais pessoas, sobretudo casais ou grupo de amigos - daqueles que se percebe que já são clientes habituais da casa. Numa noite chuvosa e em plena quinta-feira de início de mês e de ano, o ambiente acabou por ficar bem composto.
O nome Ararate vem do monte sagrado Ararat, localizado na cordilheira do Cáucaso, e segundo o próprio site do restaurante foi onde " “no sétimo mês, no dia dezassete do mês” após o início do dilúvio atracou a Arca de Noé.", e portanto é um dos símbolos mais importantes do país. Geograficamente a Arménia e os países do Cáucaso fazem uma ponte importante entre a Europa e a Ásia e isso reflecte-se na sua gastronomia. Ararate tem como chefe Andranik Mesropyan e conta com o apoio de uma equipa experiente também ela arménia, por isso não podíamos estar melhor entregues. A ementa é variada e apresenta um conjunto de pratos tradicionais arménios e dos países vizinhos do Cáucaso, cada um acompanhado com fotografia e uma pequena descrição. Devo dizer que todos eles - todos - têm óptimo aspecto.
Foi difícil escolher, mas acábamos por pedir uns saquinhos de massa recheados - khinkali - para entrada. Estes saquinhos (7,5€) são confeccionados com uma massa artesanal que é moldada à mão e são recheados com carne picada e um caldo bastante saboroso e um pouco picante. De seguida e como pratos principais pedimos o borrego estufado em trouxa de lavash - khurdjin - e a sopa de grão de bico - putuk. A sopa (18€) é tradicionalmente um prato servido em grandes ocasiões que junta familiares e amigos e isso percebe-se pela quantidade generosa que nos é servida, numa "pequena" caçoila coberta com um pão achatado. Assim que retiram o pão e nos servem em pequenas taças percebemos que esta sopa consiste numa variedade de legumes, grão, bulgur e borrego. O sabor é riquíssimo e fica taco a taco com o nosso cozido de grão. A dose é claramente suficiente para duas pessoas. A trouxa foi provavelmente o meu prato favorito e estava divinal. Este prato (17€) consiste em borrego corado e assado no forno com legumes estufados em cerveja envolvidos em trouxa de lavash. O prato tem um sabor muito equilibrado, a carne é suculenta e o tempero e molho estavam perfeitos. A massa é fina e faz a ligação ideal entre todos estes elementos. Para finalizar, e como sobremesa, pedimos bolo de mel e uns ecler. O bolo de mel (5€) parece, à primeira vista, o nosso bolo de bolacha uma vez que apresenta umas camadas de bolo de massa com mel e natas. Em termos de sabor não é excessivamente doce, muito pelo contrário, o que para mim, não é necessariamente um defeito e a minha saúde agradece, mas se há coisa que gosto é de sobremesas bem doces. Quanto aos ecler (parecem-me ser uma versão arménia do famoso éclair francês) são leves e apresentam um creme muito saboroso.
As doses são muito generosas, tanto, que não conseguimos comer tudo e pedimos para levar o restante numa embalagem. Serviu para o almoço do dia seguinte - abençoado seja. Para além disso, se juntarmos o desconto do zomato gold, da qual este restaurante é aderente, acabou por sair uma experiência muito agradável, numa boa relação entre qualidade, quantidade e preço. Certamente será um restaurante para regressar, até porque ficaram uma série de pratos por experimentar e que nos deixaram com água na boca.
Quanto ao horário, o normal seria das 12h às 23h, mas devido a estas circunstâncias, estão apenas a funcionar em modo take-away das 13h às 20h30, de Segunda-feira a Sábado, oferecendo 15% de desconto. Também dá para pedir através do ubereats e do nomenu. Mas para mais informações o melhor é verificar sempre o site ararate.pt onde está a informação completa e actualizada.
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